quarta-feira, janeiro 25, 2006

Última Vez

Vou pedir desculpa pela última vez,
vou fazer tudo pela última vez.
Amar
Sonhar
(haverá mais alguma coisa que valha a pena?)
Entender
Querer
Ser
Nada mais
Tem valor
Portanto,
Vou escrever pela última vez.
Entendi o que tenho de fazer
Pela última vez.
Perturbar-te?
Decerto, que desejo que seja
Pela última vez.
Falar-te de amor?
Fi-lo pela última vez.
Só me resta pedir desculpa
Pela última vez.
Escrever palavras que não chegam ao destino
E traçar o destino
A dar-lhes
Pela última vez.
Fica por fazer o amor prometido
De mãos entrelaçadas
Na casa onde morri
Pela última vez.
Ficam as madrugadas
Sonolentas
A fazer despertar o desejo
As noites de paixão
Incomparável e irrepetível
Fica tudo por fazer pela última vez.
Ficam os poemas
inúteis pela última vez
As telas sem sentido
Os gestos de amor
Os ideais
Os planos
O respeito
A cumplicidade
O entendimento
A descoberta
Pela última vez.
Morreste às minhas mãos
Sacrificada
À estupidez
Que persegue os meus dias
E deste-me a vida que nem em sonhos
Mereci.
Justamente,
Pela última vez,
Recusas
Regressos dolorosos
E eu fico, como sempre,
Cobarde e inútil
Sem saber como lidar
Com essa força
Que te anima.
Resta-me, pela última vez
Escrever-te o amor.
Não a palavra mágica
que marca a diferença
mas o amor que me deste
e revelaste.
Porque o teu segredo é esse:
emanas amor
e não há quem saiba
receber essa dádiva.
O teu dom é uma maldição.
Não tens quem esteja à tua altura.
Nunca serás tu a não estar
À altura do amor.
Serão sempre os outros
Que não o merecem
Como eu, pela última vez.
Ou então nem estão preparados
Para o entender.
Mas vais ser feliz
Meu amor,
Digo-te pela última vez:
A tua natureza é a da felicidade.
Vais construí-la
Nem que para isso
Tenhas de inventar
Alguém que te acompanhe
Nessa aventura
Que é ser amado por ti.
Eu já o fui.
Pela última vez.
Não tenhas pena de mim.
Deste-me o corpo e a alma
E eu desbaratei ambos.
Mereço a dor.
Mereço o desprezo.
Só tenho amor para te dar.
Nada mais que
Este amor terreno
Sem chama nem valor
Este amor pequeno
Para ti
Mas do tamanho
do meu medíocre Universo.
Este amor feito paixão
Este amor fruto
Da minha ilusão.
Por ele vou esperar por ti.
Vou esperar
Que esgotes a raiva
que desgraçadamente levei até ti.
Vou esperar que voltes a achar-me digno de ti
Vou esperar que voltes a olhar para mim
A desejar-me
A ter saudades minhas,
Das minhas mãos
Da minha voz
Do meu amor.
Vou esperar
Que voltes a desejar
Sentir-te amada por mim.
Até lá vou amar-te
Cada segundo deste inferno
que são os meus dias
Sem ti.
E pedir-te sempre desculpa.
Pela última vez.

Lisboa, 26 de Julho de 2005

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

amor sacrificado, testado, consumado e, mesmo assim, com esta vida... são poucos os resistentes, mas quando sobrevivem a tanta tempestade, como é possível não hesitar?...

6:24 da tarde  
Blogger André disse...

Mas este blog é só sobre a minha irmã?
Não podes mudar de tema?

11:51 da manhã  
Blogger Luís Rosa-Mendes disse...

Sobre a tua irmã???? És muito convencido...lol. Acho que não leste o blog mas pronto... obrigado pelo comment e um dia destes apresenta-me a tua irmã. É gira? Como é que se chama?

12:46 da tarde  
Blogger André disse...

Tiraste o nome dela um pouco tarde demais. Já o tinha lido. lol
Porquê que sou convencido?

3:27 da tarde  

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