terça-feira, dezembro 23, 2014

EDITORIAL REVISTA DADA DEZ 2014/JAN 2015

O Verão politico e jornalístico é sempre marcado pela falta de notícias e de assuntos de verdadeiro interesse. É a silly season onde vale, quase, tudo para encher páginas de jornais ou noticiários televisivos. O Natal, mesmo com a entrada de Dezembro marcada por acontecimentos políticos de superior importância, não deixa de ser o grande fornecedor da silly season de Inverno. E tem a vantagem de ser proporcionador de energias positivas, bom ambiente familiar e pensamentos positivos, mesmo para quem enfrenta situações mais difíceis. É o Natal que nos prepara o espírito para a renovada lista de promessas de ano novo. Por causa do Natal é que decidimos todos os anos que, para o ano vamos deixar de fumar, vamos fazer dieta, vamos ser melhores pessoas, vamos arrumar a gaveta das meias, enfim aquele sem número de lugares comuns que vamos sempre deixando para trás mas, anualmente, relembramos nesta época. Pena é que deixemos tantas vezes esquecidos os versos de Ary dos Santos: Natal é em Dezembro/Mas em Maio pode ser/Natal é em Setembro/É quando um homem quiser/Natal é quando nasce uma vida a amanhecer/Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher, que nos remetem para o poder, que está nas nossas mãos, de mudar o presente pelo respeito que devemos ao futuro dos nossos filhos. O nosso desejo é que todos aproveitemos os desafios de 2015 para trazer mais Natal às nossas vidas. Revista DADA

EDITORIAL JORNAL DE CÁ, DEZEMBRO 2014

Estamos a menos de um mês da entrada de um novo ano. E se a data é, todos os anos, um momento importante para iniciarmos processos de mudança do que está mal nas nossas vidas, esta viragem de 2014 para 2015 afigura-se uma das mais decisivas das últimas décadas. Vivemos tempos em que o sentimento generalizado é que pouco importam as nossas decisões ou reflexões, porque tudo nas nossas vidas está regulado, controlado e sem margem de manobra para a nossa intervenção. De facto, o espaço do cidadão é cada vez mais o espaço dos partidos políticos e o espaço da política. As iniciativas de cidadania acabam inevitavelmente por cair na esfera partidária ou correm o risco de não ganhar dimensão. Mas do que a política trata é das nossas vidas, do nosso dia-a-dia e do futuro dos nossos filhos. Assim sendo, como é possível ficarmos alheados? Como é possível não participarmos nas decisões ou deixarmos nas mãos de terceiros o rumo que queremos dar ao nosso destino individual e coletivo. O ano que entra será de eleições para a Assembleia da Republica. Temos todos a obrigação de transformar este ato eleitoral num ato de cidadania com uma afluência massiva às urnas. Sob pena de definitivamente ficarmos sem voz para protestos ou desagrado das políticas que nos forem impostas. Também no Cartaxo, politicamente, o ano de 2015 marca uma mudança. Os dois maiores partidos entram no novo ano com lideranças acabadas de eleger e, embora a promessa seja de continuidade das políticas, a esperança é que se aproveite o momento para renovar discursos, cativar os cidadãos para a participação cívica e se procurem consensos capazes de dar resposta às reais necessidades do concelho. Este não é um ano bom para estratégias partidárias por ser imperativo encontrar soluções que devolvam aos munícipes a confiança e o orgulho de aqui viver e que os graves problemas que enfrentamos possam ser resolvidos interferindo o mínimo na qualidade de vida de todos nós. Em 2015 cá nos encontraremos. Vamos lá a ver o que vamos ser capazes, todos, de fazer com esta oportunidade de mudança que o calendário nos dá.

EDITORIAL JORNAL DE CÁ, NOVEMBRO 2014

Lembro-me de, quando era miúdo, ter a minha vida regulada por acontecimentos e das emoções que esses acontecimentos me provocavam. Uns mais que outros, é claro. Muitos desses acontecimentos eram comuns à maioria dos miúdos. O Natal era um clássico. As semanas que o antecediam eram quase mais excitantes que o próprio dia em si. A coisa ia em crescendo, a partir da altura em que começava “a cheirar a Natal”. Antes do Natal já tinha havido o começo das aulas, outra época de grande importância na minha cronologia de vida. Ah, e as férias grandes! Sentia-se a meio do 3º período de aulas que as férias estavam a aproximar-se. Também havia “um cheiro a férias”. Pelo meio destes fatos, as estações do ano sucediam-se de forma regular, nos prazos estipulados, a marcar a passagem do tempo, e tinham também o “seu cheiro próprio”. E, depois, havia uma série de datas que eram os meus “relógios do tempo” pessoais. Curiosamente a data do meu aniversário, pela proximidade do Natal, nunca teve um “cheiro próprio”. Mas o aniversário da minha mãe tinha. A minha mãe faz anos no mesmo dia da RTP e a data coincidia com a transmissão do Festival da Canção. Quando era miúdo a semana que antecedia o Festival era vivida com expectativa, talvez por ser em Março e já “cheirar a Primavera”. Vem isto a propósito de uma outra data que me deixava em grande alvoroço. O meu avô telefonava e deixava o aviso: “Então para a semana conto com vocês cá!”. Em Lisboa já cheirava a Outono com os homens das castanhas a anunciarem a proximidade do São Martinho e desse magnífico fenómeno que eram aqueles dias de sol no meio de um tempo cinzento e triste. Hoje o São Martinho espalha dias de Sol quando lhe apetece e o meu avô já não avisa “que conta connosco”. Mas a verdade é que, mesmo sem estes avisos, já cheira a Feira dos Santos. No meio da discussão sobre o seu futuro, quando se procuram soluções e ideias para o seu relançamento, quando se chega a questionar a sua continuidade, a Feira de Todos os Santos aí está para bem do meu relógio interno. Qualquer debate sobre o seu futuro tem de passar pelo debate sobre que qualidade e ritmo de vida pretendemos ter. Queremos que os nossos jovens se orgulhem da sua terra e ponderem não sair de cá? Queremos que quem nos visita saia na disposição de voltar? Então estas datas, estas manifestações da nossa identidade não podem correr o risco de extinção. A grandeza da feira é a medida da nossa grandeza enquanto cidade. Para que perdure no tempo este magnífico “cheiro a feira” a lembrar-nos que o futuro está aí mas só acontecerá porque tivemos um passado.

EDITORIAL JORNAL DE CÁ, OUTUBRO 2014

Comecei há trinta anos a escrever este editorial. As primeiras letras surgiram quando subi uma escada íngreme que dava para um corredor onde, em diversas salas se produziam jornais. Eu nessa época sabia, claro, o que era um jornal. Mas não fazia a menor ideia de como um jornal era feito. Foi nesse edifício no Dafundo, em Lisboa, que o meu curso de jornalismo começou. Eu era o estagiário de um pequeno jornal que com a minha contratação dava um passo em frente: até ali era feito por uma pessoa, a diretora, redatora, paginadora, secretária telefonista, relações públicas. Trinta anos e muitos jornais e revistas passados, volto a cruzar- me com uma pessoa que à força de tenacidade, alguma teimosia e uma forte vontade de vencer pôs de pé um projeto arrojado como é a revista DADA e o conduziu durante sete anos até ao sucesso que hoje todos reconhecem. Falo da Fátima Rebelo, publisher do Jornal de Cá, com quem em acaloradas discussões, em horas de dúvidas, em momentos de euforia cheguei ao entendimento de que o passo que devíamos dar a seguir era lançar um jornal no concelho do Cartaxo. Aqui viveram os nossos pais e avós, aqui vivemos com as nossas famílias. É aqui que queremos trabalhar. E porquê um jornal? Porque é o que sabemos fazer. Soubéssemos cozinhar a teríamos aberto mais um restaurante. Mas não. Temos esta mania de ligar as pessoas através da palavra, ligar as ideias através de pessoas, ligar os factos através da sua circulação por todos. Só podíamos fazê-lo com um jornal. Depois desta decisão veio o período de espera pelo milagre que nos permitisse avançar. O milagre chegou até nós através de um grupo de amigos que acreditou em nós. Um grupo a quem estaremos para sempre reconhecidos pela confiança que em nós depositaram. Um grupo que nos deixou fazer o nosso trabalho e trazê-lo até este número 1, conscientes que somos uns ingratos e que desde o primeiro minuto o nosso olhar e as nossas preocupações já não lhes pertenciam. A partir da primeira letra que escrevemos é para os leitores que vão todos os nossos cuidados. Queremos neste número 1 deixar bem claro que para nós só há um interesse superior: o de quem nos dá a honra de nos preferir e de nos ler. Este não será nunca um jornal de interesses mas um jornal de leitores. Obrigado por apostarem em nós e sobretudo, obrigado por nos lerem.