terça-feira, janeiro 31, 2006

Noites Perdidas?

As minhas terças e as minhas quintas alternadamente (uma semana terça, na outra quinta) são os dias em que não tenho filhos. Quero dizer, tenho, mas à noite vão jantar a casa da mãe e dormem lá. São as noites de perdição. Por isso é que tenho esta divida para com os meus filhos. Sem eles eu era um homem perdido. Um desgraçado, bêbado certamente, drogado, cheio de maleitas provocadas pelos excessos a que certamente me entregaria. Mas já que eles me dão ordem de soltura com conta peso e medida... um dia por semana e já gozas (?? lol) tenho mais é que aproveitar. Hoje é BBC, com concerto ao vivo dos Santos e Pecadores. A que horas acaba? Sei lá... o melhor é chamarem-me um táxi. Obrigado filhos. Por me prenderem e soltarem. Adoro-vos!

segunda-feira, janeiro 30, 2006

O WC e a Rosa

Fim de semana nas Caldas da Rainha. Os meus filhos Laura e Francisco viram neve pela primeira vez. Sábado jantar nos Queridos, onde se come para lá de divinamente. Se passarem nas Caldas não deixem de lá ir. Fica na estrada do Hotel Internacional das Caldas que por sua fica perto da rotunda do McDonald's (bryuuahh). À noitinha, com a criançada já a dormir passagem pela Green Hill, na Foz do Arelho, a convite da mana Paula Esteves. Festa Marroquina em que só alguns (eu não), iam a preceito. Divertida, uma das duas pessoas amigas que me acompanhavam passou a noite à porta da casa de banho dos homens a perguntar a cada um que saía: "já lavou as mãos?". Fizeram bicha para os chichis. E começou a andar tudo de mãos lavadinhas... um fartote de riso e umas horas bem passadas. A outra amiga também se divertiu mas passou a noite a mandar mensagens e além disso perdeu uma rosa que lhe ofereceram "com muito amor". Resultado: deu-me para a filosofia como é costume. "Nunca se deve desprezar uma rosa que nos dão com amor". Ela não concorda. Se calhar não estava interessada. Sei lá, como diria a outra. A verdade é que este sábado passei uma das noites mais divertidas dos últimos meses. Mesmo com rosas perdidas ou desprezadas...

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Hi5

Vocês, mundo, pessoal anónimo que lê blogs, almas solitárias, gente apaixonada, indiferente, à procura do amor, em busca de paz, gente que sabe o que quer, ou cabeças confusas, hesitantes à cata de um caminho... sim tu que me estás a ler... já descobriste o hi5 (www.hi5.com)? Então de que estás à espera? Há ali um mundo virtual pronto a ser descoberto. É ilusão mas é divertido e barato. Se entrarmos convencidos que a nossa vida vai mudar o melhor é sair rapidamente. Mas se viajarmos por aquele mundo de gente, se navegarmos de espirito aberto naquela réplica do mundo real, muita coisa pode acontecer. Até conhecer pessoas de carne e osso capazes de nos surpreenderem.

Votos e Vómitos

Com três anitos acabados de fazer, a filha de uns amigos meus quis saber onde iam naquele domingo de Janeiro à tarde. "Vamos passear mamã?" insistia. "Não" deixou escapar a mãe, "vamos à escola votar". Rápida reacção da criança já em lágrimas: "Eu não quero ir vomitar. Eu não quero ir à escola vomitar".
Grandes conhecedores da politica são as crianças. Mais de metade dos eleitores saiu de casa naquele domingo e não seguiu os conselhos da filha dos meus amigos.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Última Vez

Vou pedir desculpa pela última vez,
vou fazer tudo pela última vez.
Amar
Sonhar
(haverá mais alguma coisa que valha a pena?)
Entender
Querer
Ser
Nada mais
Tem valor
Portanto,
Vou escrever pela última vez.
Entendi o que tenho de fazer
Pela última vez.
Perturbar-te?
Decerto, que desejo que seja
Pela última vez.
Falar-te de amor?
Fi-lo pela última vez.
Só me resta pedir desculpa
Pela última vez.
Escrever palavras que não chegam ao destino
E traçar o destino
A dar-lhes
Pela última vez.
Fica por fazer o amor prometido
De mãos entrelaçadas
Na casa onde morri
Pela última vez.
Ficam as madrugadas
Sonolentas
A fazer despertar o desejo
As noites de paixão
Incomparável e irrepetível
Fica tudo por fazer pela última vez.
Ficam os poemas
inúteis pela última vez
As telas sem sentido
Os gestos de amor
Os ideais
Os planos
O respeito
A cumplicidade
O entendimento
A descoberta
Pela última vez.
Morreste às minhas mãos
Sacrificada
À estupidez
Que persegue os meus dias
E deste-me a vida que nem em sonhos
Mereci.
Justamente,
Pela última vez,
Recusas
Regressos dolorosos
E eu fico, como sempre,
Cobarde e inútil
Sem saber como lidar
Com essa força
Que te anima.
Resta-me, pela última vez
Escrever-te o amor.
Não a palavra mágica
que marca a diferença
mas o amor que me deste
e revelaste.
Porque o teu segredo é esse:
emanas amor
e não há quem saiba
receber essa dádiva.
O teu dom é uma maldição.
Não tens quem esteja à tua altura.
Nunca serás tu a não estar
À altura do amor.
Serão sempre os outros
Que não o merecem
Como eu, pela última vez.
Ou então nem estão preparados
Para o entender.
Mas vais ser feliz
Meu amor,
Digo-te pela última vez:
A tua natureza é a da felicidade.
Vais construí-la
Nem que para isso
Tenhas de inventar
Alguém que te acompanhe
Nessa aventura
Que é ser amado por ti.
Eu já o fui.
Pela última vez.
Não tenhas pena de mim.
Deste-me o corpo e a alma
E eu desbaratei ambos.
Mereço a dor.
Mereço o desprezo.
Só tenho amor para te dar.
Nada mais que
Este amor terreno
Sem chama nem valor
Este amor pequeno
Para ti
Mas do tamanho
do meu medíocre Universo.
Este amor feito paixão
Este amor fruto
Da minha ilusão.
Por ele vou esperar por ti.
Vou esperar
Que esgotes a raiva
que desgraçadamente levei até ti.
Vou esperar que voltes a achar-me digno de ti
Vou esperar que voltes a olhar para mim
A desejar-me
A ter saudades minhas,
Das minhas mãos
Da minha voz
Do meu amor.
Vou esperar
Que voltes a desejar
Sentir-te amada por mim.
Até lá vou amar-te
Cada segundo deste inferno
que são os meus dias
Sem ti.
E pedir-te sempre desculpa.
Pela última vez.

Lisboa, 26 de Julho de 2005

terça-feira, janeiro 24, 2006

A Lareira do Amor

O amor é uma lareira. Uma lareira acesa, permanente e fiável, que nos aquece ao longo da noite e do dia. Para isso temos de lhe ir deitando pedaços de lenha. Com sorte podemos colocar um tronco maior e ele ali vai queimando lentamente, de forma segura. Corremos o risco de a lareira se apagar... por isso o melhor mesmo é ir deitando umas folhas secas... umas pinhas... uns pedaços de madeira seca. Tudo é permitido, e cada um usa os truques que pode e sabe para manter a lareira acesa. A paixão é uma parte dessa lareira. É o momento em que a acendemos e as chamas sobem altas, enlouquecidas e a escaldar. Gosto desta parte. Gosto desse calor sufocante. Mas não vivo sem a lareira cheia de brasas a transmitir aquela tranquilidade quente e aconchegante. E a obrigar-nos a uma permanente atenção para que não esmoreça, não se apague. Nunca mas nunca mesmo se deve escolher lenha que não cabe na nossa lareira, ou lenha molhada e imprópria para queimar.
Também a lareira deve ser escolhida à nossa medida. Ao nosso gosto. Eu acendi tantas lareiras que acabei por encontrar a minha. Desastrado, entornei-lhe um balde de água numa manhã fria de Fevereiro e ela apagou-se. Pior, estava tão quente que o contacto com a água fria lhe abriu fendas irreparáveis. Bem tenho tentado mas acho que nunca mais vou conseguir acendê-la.
Tenho saudades da minha lareira. Das suas chamas, a excitação que me dava mantê-la acesa. Tenho saudades do seu calor incomparável que nunca mais encontrei outro assim.

Piada de Ano Novo

O ano de 2006 já tinha 4 horas de vida. Entra a morena na discoteca apinhada e deita uns olhares na direcção do rapaz, já entrado, que não tinha sido convidado para o fim de ano que queria e tinha aterrado ali por manifesta falta de alternativas e pachorra. Ele, de auto estima em baixo, desconfia que os olhares lhe sejam dirigidos. Ao fim de alguma insistência decide avançar e aplica-lhe ao ouvido o fatal: "Bom ano para ti". Ela responde-lhe com voz grave a condizer com as madeixas morenas e as formas roliças: "obrigado, para ti também". E ficam para ali a embalar-se, sem muito assunto até que ele decide perguntar-lhe: "Tens hi5?". E ela, espantada com tanta inépcia e tanto tempo perdido, troca-lhe as voltas e nem hesita: "Não. Tenho 91 mas posso dar-to".
Ainda estou para lhe ligar.

Os meus filhos e a Maria

Ouçam o Fernando Tordo a cantar uma canção de que estupidamente não sei o nome. Ou é "João e Joana" (os filhos mais velhos do Fernando a que se junta o Francisco) ou então é "Balada para Os Nossos Filhos". Qualquer dos nomes é bom para mim. Desculpa Fernando não me lembrar do nome certo. O que quero dizer é que este poema é tudo o que um pai (ou uma mãe) pode sentir por um filho. É tudo o que sinto pelos meus e por todos os que me foram dado ver crescer ao longo da vida. Diz o Fernando "Dois filhos que eu embalo/ e que descubro/ e que sendo só dois/ podem ser mil). Podem mesmo. Eu tenho esses mil. Desde o Paulo Ricardo, meu afilhado e meu primeiro enteado, passando pelo Gonçalo, o João Pedro e o Tiago ( de quem sou com muito orgulho 1º padrastro... lol...) até à Joana e à Rita, irmãs pela parte da mãe, dos meus filhos mais novos, a Laura e o Francisco e passando pelos meus filhos mais velhos, o Tiago e o André até chegar à Maria. A Maria é a minha enteada/filha para o resto da vida. Já não sou nada à mãe dela. Nem serei (nem nunca fui porque ela tem pai e pai presente) padrasto. Mas guardo-a no coração no lugar destinado aos filhos e às preocupações e alegrias que eles nos dão. Os filhos podem ser um ou dois mas serão sempre mil enquanto entrarem nas nossas vidas com a intensidade com que a Maria entrou na minha. Meu filho/ minha vida/ és meu sangue e meu caminho/ Meu pássaro de carne/ Meu amor...

Para Ti

Para ti queria inventar
a palavra mais bela,
a que deixasse no ar a promessa
de uma nova vida.
A que apagasse da memória
todas as palavras
que nunca deviam ter sido ditas.
Para ti queria inventar a palavra
mais rica,
a que enchesse o coração de felicidade
e fizesse brotar dos olhos lágrimas
como pétalas.
Para ti queria inventar
a palavra mais longa.
A que desse a medida da paixão
que nos uniu
e tornasse menos penosa
a distância que nos separa.
Para ti queria inventar
a palavra mais bela e feliz
a palavra nunca dita que despertasse
em ti a doçura que as palavras erradas
levaram para tão longe
que não há palavras
para vencer o caminho.
Para ti queria inventar a palavra Amor
E dizer-ta de forma a perceberes
que és a essência
e a razão de um dia
um homem ter sido feliz
só porque foi amado por ti.
(Julho 2005)

Intimidade

Ontem à noite, no meio da rua, sem que nada o fizesse prever descuidei-me mesmo ao pé da Carlinha. "Que falta de respeito" diria a minha avó Quitas, senhora a quem eu, já homem feito, beijava a mão e pedia " a sua benção minha avó". Mas no caso do meu descuido junto da Carlinha não foi falta de respeito. Foi apenas uma parte daquilo que eu alcancei com apenas uma pessoa na minha vida: intimidade. Sabem o que é intimidade? É isso mesmo. Intimidade é cagar. Já experimentaram cagar ao pé de uma pessoa que conhecem superficialmente? Ou até de uma pessoa com quem têm sexo todos os dias. Ou quem, até, trocam juras de amor? É difícil eu sei. Cagar é um dos actos mais íntimos do ser humano. Eu e tu não temos desses problemas. Somos íntimos. Mas com a Carlinha é uma novidade. Uma estreia. Estou a começar a ficar íntimo da Carlinha. Ainda bem. Estou a enriquecer.

Rápido para o teatro...

Vai acabar dentro de dias o espectáculo "As Obras Completas de Shakespeare em 97 Minutos", em cena no teatro estúdio Mário Viegas, pela Companhia de Teatral do Chiado (http://www.companhiateatraldochiado.pt/). Para quem não me conhece fica o aviso que ao longo da minha vida vi sempre muito teatro. Este foi de longe o mais divertido, enérgico, hilariante, surpreendente, profissional, irreverente, inovador e inteligente espectáculo a que assisti. Como só está em cena há dez anos quem não o tiver visto vai ficar toda a vida com cara de estúpido. Eu safei-me. Vi com uma pessoa minha amiga e vi-a rir como há muito tempo não via. Até por isso lhes tenho de agradecer. Dos heróis desta história ficam os nomes: Simão Rubim, João Carracedo e Manuel Mendes. Bem hajam e se poderem mantenham o espectáculo em cena pelo menos mais outros dez anos. Vocês merecem.

És sempre tu (pequeno plágio)

Acordei triste. Pensei maduramente se o meu primeiro texto, no meu primeiro blog podia começar assim. Hesitei. Mas decidi que esta era a frase que mais tinha a ver com o meu estado de espirito: acordei triste. Para quê negá-lo? Para quê esconder? É assim que acordo desde que o Sol se pôs na minha vida. É assim que acordo desde que fiz cair a noite. A felicidade segue dentro de momentos e és tu que a vais trazer de novo à minha vida. És sempre tu que a trazes não pode ser mais ninguém a trazê-la.