quarta-feira, setembro 27, 2006

Adeus

O "meu" poeta é, nem preciso pensar, o Joaquim Pessoa. Mas às vezes estendo o olhar pela poesia portuguesa e deixo-me ficar perplexo perante o Alexandre O'Neill, o Herberto Helder ou o Eugénio de Andrade. Deste último descobri há dias esta maravilha. Concentrem-se nas palavras e não tentem fazer isto em casa. Parece fácil mas, acreditem, é extremamente complexo chegar a esta simplicidade. E beleza.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava, porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo
era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade: uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus

segunda-feira, setembro 25, 2006

Anúncio Público de Intenção

Vou deixar de fumar. Pelo menos tenho essa intenção. Já não é mau. Vou começar hoje. Para não ser muito violenta a "cacetada" (sim, sempre são 35 anos de fidelidade ao cigarrito), concedi a mim mesmo a fruição de uma cigarrilha depois do almoço e outra depois do jantar. E até já escolhi. Café Creme (de preferência com sabor a canela). Vamos lá a ver no que isto dá. Cá para mim vou engordar que nem um bode e daqui a dois meses estou agarrado outra vez. Mas, para já evitem deitar-me fumo para cima se faz favor.

domingo, setembro 24, 2006

Uma verdade dita de forma simples

Ja tive mulheres de todas as cores,
de várias idades, de muitos amores,
com umas até certo tempo fiquei,
pra outras apenas um pouco me dei,
já tive mulheres do tipo atrevida,
do tipo acanhada, do tipo vivida
casada carente, solteira feliz
já tive donzela e até meretriz.
Mulheres cabecas e desequilibradas
mulheres confusas de guerra e de paz
mas nenhuma delas
me fez tão feliz como você me faz

Procurei em todas as mulheres a felicidade
mas eu nao encontrei e fiquei na saudade,
foi começando bem mas tudo teve um fim
Você é o sol da minha vida, a minha vontade
Voce nao é mentira, você é verdade
É tudo o que um dia eu sonhei pra mim

Martinho da Vila

sexta-feira, setembro 22, 2006

Quem quer ser stripper?

A Catarina é minha camarada de profissão. Digo isto com o orgulho de quem esteve na base da sua entrada para este mundo de doidos a que pertenço. Estive na base, mas o mérito de cá estar é todo dela. Boa profissional, competente, empenhada, atenta, a Catarina é uma mulher perigosa. Isto porque, debaixo de um ar juvenil e angelical, deixa esconder uma louca furiosa capaz de dizer e aguentar-se aos maiores disparates. Só por ser assim é que enfrentou e passou os primeiros tempo de estagiária a trabalhar comigo e não desistiu ao fim de meia hora para se tornar bancária.
Ora a última da Catarina é um exercício formidável, destinado a todas as mulheres que acalentem o sonho de um dia vir a ser bailarinas de streaptease. Neste campo, o mais dificil, como toda a gente deve saber, é a escolha do nome de guerra apropriado. Pois a Catarina deu a fórmula: junta-se o nome do animal de estimação da candidata a streapper, ao apelido de solteira da mãe da própria. Experimentem. O resultado é quase sempre hilariante e, nalguns casos, delirante. Experimentem... já vimos por aqui coisas como Luna de Deus ou Pipas Fornelos. Há um prémio para a mais exótica. Libertem-se vá, e mudem de nome. Ou de vida até... hehehehe!

quinta-feira, setembro 21, 2006

As mulheres Masai não têm celulite... lool


Uns sapatos anti-celulite estão a causar furor nos Estados Unidos, sendo usados como substituto dos remédios tradicionais contra a celulite. Denominados MBT, pela empresa Masai Barefoot Technology, foram criados há 10 anos por Karl Muller, um engenheiro suíço que passou seis anos a desenhá-los, com o objectivo de aliviar as suas dores nas costas, joelhos e tendão de Aquiles. O sucesso deste calçado surgiu depois de uma reportagem intitulada “Destruidores de celulite”. De acordo com a fabricante do produto, a Swiss Masai, o sapato activa os músculos internos do pé que a maioria das pessoas não utiliza como deve, levando a que sejam adoptadas más posições. Existem três variedades de calçado: sandálias, sapatos e ténis. A sua posição obriga uma pessa a apoiar o pé numa parte do calcanhar diferente da habitual e a caminhar de outra maneira. O fabricante deste sapato inovador garante que o produto é como um “treinador pessoal invisível”, tendo-se transformado num “acessório indispensável para as supermodelos e atletas”, uma vez que ajuda a “tonificar os músculos, melhorar o equilíbrio e a postura, para além ajudar a eliminar a celulite e reduzir as varizes”.

(Este texto não é da minha autoria. Achei transcendente a ideia e o conceito e, por manifesta falta de tempo, transcrevi e adaptei um texto publicado no sítio http://www.cienciapt.net.)

quarta-feira, setembro 20, 2006

Mais papéis para ver se gostam...




Amor e confiança

Poucas pessoas no mundo são capazes de verdadeiramente me surpreender. Vá lá que meia duzia de almas consigam fazê-lo, algumas até a tempo inteiro, mas o certo é que são poucas. Entre esta meia duzia estão os meus filhos.
Hoje a Laura, do alto dos seus 11 anos, e ao fim de três dias de aulas, perguntava-me se eu estava contente com o facto de ela estar, agora, mais consciente e bem comportada. E dava-me como exemplo o facto de, este ano, ainda não ter perdido o cartão da escola (no ano passado foram três que "voaram" a 5 euros cada um). Olhei-a espantado: "tás doida filha? As aulas só começaram há três dias. É normal que ainda não tenhas perdido o cartão". A Laura não se desmanchou: "oh pai, mas podes ao menos dar-me um voto de confiança".
Está dado filha. Dou-te um voto de confiança e mais um de amor. Porque todos os dias és capaz de me surpreender e porque me deixas ver-te crescer.

segunda-feira, setembro 18, 2006

A mania das colecções

Uma das coisas que me faz pensar na minha pequenez, na pequenez da vida, do que sou, é descobrir que há mundos e ideias que nem sequer imagino que existem. Quando contacto com elas, sejam de que origem forem, fico muito consciente de que não sou nada neste universo tão cheio de pessoas com vivências, paixões, dores ou, simplesmente... manias.
Eu não imaginava, e gostava de saber se vocês imaginavam, que há pessoas que coleccionam pacotes de açúcar. A verdade é que há. E o mais extraordinário para mim foi perceber que não é minha amiga Renata que é maluca ( a Renata colecciona pacotes de açúcar fanaticamente). Se no Google pesquisarem "coleccionar pacotes de açúcar" têm mais de 10 mil entradas. E há clubes. Sim, clubes organizados.
Com isto descobri uma nova palavra que desconhecia: glicofilia. É assim que se chama esta mania. Glicofilia. Que coisa mais linda. E comprovei que este mundo é muito complexo. E engraçado, tal como a palavra. Vou repetir, glicofilia. Não é tão doce?

domingo, setembro 17, 2006

Uma questão de olfacto

Aqui há uns anos, a Patrícia levantou uma questão muito pertinente que nos ocupou a cabeça durante uma série de tempo. Como se chama uma pessoa que não tem olfacto? Andámos os dois à caça da resposta. Não foi fácil. Estávamos a enlouquecer. Até que descobrimos. Não é nada emocionante mas é o que é. Quem não tem olfacto sofre de anosmia. Levantou-se logo outra questão: como se chama à pessoa que sofre deste mal. Anósmico disse a Patrícia. Anosmético defendi eu. Até hoje não sabemos com segurança qual é correcta.
Esta questão levou-nos a outra. Como se chama a pessoa que não tem paladar? Querem saber? Não sei. Vejam se me dizem. Não ter paladar é padecer de Ageusia. Vá lá... tudo à procura de uma "ageusico". Será assim?

Para os amigos verem e comentarem...




sexta-feira, setembro 08, 2006

Esquecer... ou não

Não faço ideia quem são as personalidades que assinam as frases deste post e do anterior. Podia ter ido procurar, podia estar aqui a armar-me e dizer que os conhecia mas não conheço mesmo e assumo. Mas lá que as duas frases são muito boas ninguém me convence do contrário.

"O Destino une e separa as pessoas Mas nenhuma forca é tao grande para fazer esquecer pessoas que por algum motivo nos fizeram felizes mesmo que por pouco tempo..."

Martin F. Speck

E não é que é verdade?

"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos"

Eduardo Galeano

quarta-feira, setembro 06, 2006

Estado de espírito

Tenho pena e não respondo.
Mas não tenho culpa enfim,
de que em mim não correspondo
ao outro que amaste em mim.

Cada um é muita gente.
Para mim sou quem me penso.
Para outros... cada um sente
o que julga, e é um erro imenso.

Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
quererei que outros me encontrem?

Fernando Pessoa

terça-feira, setembro 05, 2006

Quem seríamos sem amigos?

No regresso das férias entrei na fase a que chamei "das coincidências". Nem imaginam o que me tem acontecido de encontros de pessoas, coincidências, cruzamentos. Aos poucos vou contar-vos aqui este grupo de histórias, que me têm deixado abismado ultimamente, a pensar que lá "em cima", quem está encarregue de gerir esta brincadeira a que chamamos vida, me tirou na rifa e anda a rir-se que nem um doido à minha custa.
Mas o que vos quero deixar aqui hoje é um poema que uma amiga me passou. De repente, sem aviso, entrou uma mensagem. Era a Leonor, uma querida e encantadora amiga que em boa altura entrou na minha vida. Daquelas que chega e que sabemos logo que veio para ficar. O poema da Leonor foi escrito pelo Alexandre O'Neill, poeta maior e um dos meus preferidos, que costumo citar com frequência. Este poema não conhecia. Deixo-o aqui para todos os meus amigos. E até para os outros. Obrigado Leonor.

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso.
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar na nossa mão!
Amigo,
(recordam-se, vocês aí, escrupulosos detritos?)
amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
um trabalho sem fim,
um espaço útil,
um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já, uma grande festa!